Quem nunca comprou uma caixinha de medicamentos com mais comprimidos do que a indicação na receita? O que fazer com a sobra? Jogar fora? Guardar por quanto tempo?

Se esse controle não é simples nem em casa, imagine em um hospital com centenas de pacientes.

Para manter a segurança dos pacientes e evitar desperdícios, a farmácia do Hospital Municipal do Idoso conta com um setor de fracionamento. O blister (cartela de medicamentos) é distribuído em doses unitárias para serem administradas na quantidade exata da receita, com zero desperdício.

A unidade é administrada pela Fundação Estatal de Atenção à Saúde (Feas), vinculada à Secretaria Municipal da Saúde (SMS).

Segundo a coordenadora da farmácia clínica do hospital, Daiana Lugarini, em média, cerca de 41 mil comprimidos e ampolas são fracionados por mês. “O processo, que é automatizado, se divide em duas etapas: a da reidentificação e da rastreabilidade”, diz Daiana.

A nova embalagem traz dados essenciais, como nome do medicamento, dosagem, data de validade e lote. Também é inserido um código de barras, registrado pelo sistema quando a farmácia envia aquele medicamento para o paciente.

“Se, por qualquer motivo, precisarmos identificar para quem foram os comprimidos de determinado lote, o rastreio permite fazer isso”, conta Daiana.

Na mesma linha, a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Boqueirão lançou um projeto piloto de fracionamento do antibiótico amoxicilina fornecido aos pacientes na hora da alta para continuidade do tratamento em casa.

No primeiro mês de avaliação, 1.070 cápsulas deixaram de ser dispensadas, o equivalente a 19% do total, o que demonstra o impacto no combate ao desperdício.

“Apesar de variar o número de comprimidos por tratamento, a estimativa que este quantitativo possa ser utilizado em outros 50 tratamentos”, explica o gerente da UPA Boqueirão, Paulo Coltro.

Essa “economia” acontece porque a caixinha fechada vem com uma quantidade de comprimidos que nem sempre coincide com aquela indicada para o tratamento do paciente.

“Considerando o custo dos antibióticos e o risco de o paciente tomar a medicação na quantidade errada, o fracionamento diminui custos e aumenta a segurança”, analisa Coltro.

Processos

Na rotina do Hospital do Idoso, o fracionamento também agiliza processos.

“Se a medicação não fosse fracionada, a farmácia clínica enviaria a cartela e ficaria a cargo da enfermagem, que além de administrar o medicamento teria de fazer a gestão deste estoque para as próximas doses”, disse Daiana.

Com o fracionamento, a farmácia envia à equipe de enfermagem a dose exata para a medicação naquele horário.

Informações: Comunicação Feas