Um estudo realizado por pesquisadores da disciplina de Fisiologia do Centro Universitário FMABC, em Santo André (SP), pode trazer novos caminhos para esclarecer os mecanismos envolvidos em problemas cardiovasculares e disfunções na bexiga. O trabalho, publicado na renomada revista científica “Frontiers in Physiology”, apresentou resultados promissores sobre o controle cardiovascular e da bexiga urinária, a partir da aplicação do peptídeo Angiotensina II e do neurotransmissor GABA em uma área do cérebro de ratos.

O método é pioneiro, pois nenhum estudo científico havia testado a aplicação dessas substâncias na área preóptica medial do cérebro até o momento. A iniciativa mostrou uma diminuição da pressão arterial e redução do ritmo de batimentos nos animais testados, além de aumento da pressão intravesical (ou seja, da pressão na bexiga) provocada pela Angiotensina II nessa área.

A administração de GABA nessa área cerebral também reduziu a pressão arterial e o número de batimentos cardíacos, porém, sem afetar a pressão. O grau de inovação e os bons resultados chamaram a atenção de especialistas do mundo todo.

Além dos profissionais da disciplina de Fisiologia da FMABC, o estudo contou com a participação do departamento de medicina da Unifesp – campus São Paulo e da Universidade de Gotemburgo, na Suécia. Trata-se de um trabalho pré-clínico e aprovado pela comissão de ética em uso de animais (CEUA-FMABC).

Nesse tipo de pesquisa se descobrem novos mecanismos que são base para desenvolvimento de novos medicamentos futuramente e redução de efeitos colaterais. A partir dos resultados positivos e da comprovação de segurança em estudos pré-clínicos, novos fármacos são testados, posteriormente, em estudos clínicos em humanos e abrem espaço para medidas terapêuticas mais eficazes.

“O fato de termos chamado a atenção para novos mecanismos nunca antes descritos em literatura traz visibilidade para que, no futuro, se desenvolvam novos trabalhos para elucidar o tema”, explica Dr. Sergio Daiuto, médico que desenvolveu o estudo como seu trabalho de Mestrado na disciplina de Fisiologia da FMABC. “Tivemos uma estrutura excelente nos laboratórios do Centro Universitário. Ainda temos outros diversos projetos de ponta em desenvolvimento e que mostram a importância da pesquisa básica e de inovação”, destaca.

Dra. Monica Akemi Sato, professora titular da disciplina de Fisiologia da FMABC e orientadora do trabalho, ressaltou que o assunto teve destaque justamente pela falta de estudos prévios sobre o tema. “A revista em que publicamos o trabalho entrou em contato comigo em 2019 convidando para ser editora associada e criar um tópico de pesquisa, a fim de realizarmos uma chamada a pesquisadores e submetermos artigos. O tópico escolhido foi sobre Novos Mecanismos de Regulação da Bexiga Urinária”, explicou a especialista, ressaltando que o trabalho conta com a participação dos professores Laurival A. De Luca Jr., da UNESP – Araraquara, Dr. Patrik Aronsson, da Universidade de Gotemburgo, na Suécia, e Russ Chess-Williams, da Bond University na Austrália.

“Pouco mais de três meses após o tópico ter sido aberto teve 11 mil visualizações e hoje já conta com mais de 54 mil visualizações. O sucesso tem a ver com o pioneirismo e a estagnação do conhecimento em pesquisa básica sobre a bexiga. Os tratamentos farmacológicos ainda hoje apresentam muitos efeitos colaterais. Essa pesquisa pode contribuir para abrir novos caminhos para tratamento de diversas disfunções da bexiga no futuro”, conclui Sato.

Equipe do laboratório de fisiologia da FMABC liderou a pesquisa

Informações: Comunicação Fundação do ABC